Merval Pereira
O delegado Raul Souza foi categórico ao afirmar que a Polícia Federal não encontrou nenhum indício de ilegalidade nos contatos do diretor da revista Veja em Brasília Policarpo Junior com o bicheiro CarlinhosCachoeira.
“Apenas conversas entre jornalista e fonte”, foi a definição do delegado. Ora, se é verdade que existem mais de 200 ligações telefônicas entre o jornalista e o bicheiro, como gostam de alardear os blogs chapa-branca, muitos financiados pelo governo exatamente para fazer esse trabalho de solapar a grande imprensa, como não se consegue nenhum diálogo direto entre os dois, ou mesmo entre o jornalista e membros do grupo do bicheiro, que revelem a suposta troca defavores que evidenciaria o crime?
Até o momento o que se tem são conversas entre os criminosos sobre o jornalista,que servem para alimentar ilações grotescas sobre conluio da direção da revista com o crime organizado.
Da mesma maneira, não há nenhuma indicação nos dados da Polícia Federal de que Gurgel ou sua mulher, a subprocuradora Claudia Sampaio, tivessem alguma relação com o esquema criminoso, e é leviana a suspeita de que tenham agido com espírito de corpo.
E a explicação oficial dos dois de que a Operação Vegas não tinha indícios suficientes para abrir um processo no Supremo contra o senador Demóstenes Torres ou outros parlamentares, mas que resolveram sobrestar o caso até que novas investigações em curso pudessem complementar as informações, pode serc onfirmada pelo próprio comentário do delegado na CPI: o caso não foi arquivado nem devolvido à Justiça Federal de Goiás para novas investigações, permanecendo três anos aberto até que, com a Operação Monte Carlo, pôde ter sequência com a abertura de inquérito contra o senador de Goiás no início deste ano.
Caberá, portanto, ao Procurador-Geral da República agir rápido para desfazer a intriga de que não há explicação razoável para sua demora em abrir o inquérito contra Demóstenes Torres, e sua reação foi mais do que adequada.
O Procurador Geral explicitou o que já se sabia, a ação contra ele é mais uma manobra dos que querem confundir o julgamento do mensalão para neutralizar sua atuação, colocando-o sob suspeita.
Isso levaria a suspeita de envolvimento com o crime organizado às portas do SupremoTribunal Federal, o que seria desastroso para a democracia brasileira. Justamente por isso é preciso que a CPI seja prudente ao tratar do assunto, para não servir de pretexto para os que querem tumultuar o julgamento do mensalão.
Leia a íntegral no Blog do Merval – blog do jornalista Merval Pereira – Merval Pereira: O Globo.