FLÁVIA FOREQUE, MÁRCIO FALCÃO e NÁDIA GUERLENDA
A atuação da presidente Dilma Rousseff no combate à corrupção foi elogiada ontem pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
Ao encerrar sua visita de dois dias ao Brasil, Hillary fez um afago na presidente e afirmou que ela está “estabelecendo um padrão mundial”.
“O compromisso dela [Dilma] com a abertura e com a transparência e a luta dela contra corrupção estão estabelecendo um padrão global”, afirmou a secretária.
A americana esteve em Brasília para lançar um protocolo de intenções em defesa de maior transparência de agentes públicos -55 países já aderiram ao compromisso. Brasil e Estados Unidos são copresidentes da iniciativa.
“Não há melhor parceiro para começar esse esforço e liderar [essa iniciativa] do que o Brasil, e em particular a presidente Rousseff”, disse ela.
Segundo ela, a corrupção “mata o potencial dos países” e tira a motivação da própria população por melhorias.
O discurso foi feito num momento em que partidos da base de apoio de Dilma discutem a instalação de uma CPI com potencial de apontar relações entre políticos do governo e da oposição com o empresário de jogos ilegais Carlinhos Cachoeira.
Em sua fala, Dilma voltou a dizer que seu governo não pactua com irregularidades.
“Não teremos tolerância com nenhum malfeito. O dinheiro público vem do diário esforço do povo, que paga tributos e constrói a riqueza do nosso país.”
Ela ainda cobrou transparência de agentes privados com bens públicos e citou a importância da regulação do sistema financeiro.
“Obrigatória para o Estado, a transparência e o compromisso com o bem público também devem ser exigidos dos agentes privados cujas condutas afetam diretamente a vida dos cidadãos.”
Dilma destacou o papel da inteligência da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário, “instituições cada vez mais preparadas para evitar desvios e punir”.
LEI DE ACESSO
A presidente lembrou a aprovação da Lei de Acesso à Informação, que entra em vigor no dia 16 de maio.
O próprio governo, porém, reconhece atraso no cronograma das ações previstas.
“Eu não tenho a mínima dúvida de que não estará tudo funcionando 100%. O que for possível estará funcionando”, afirmou o ministro Jorge Hage, da CGU (Controladoria-Geral da União).
A lei que regulamenta o acesso aos dados públicos foi sancionada em novembro do ano passado.
O texto estabelece que qualquer pessoa poderá ter acesso a informações não sigilosas sem precisar explicar o motivo, e que os entes de todos os Poderes, inclusive ONGs que recebem verba pública, estarão obrigados a prestar as informações.
Segundo dados da CGU, dos 38 ministérios, somente 10 já implantaram -parcial ou totalmente -o que a nova lei determina.
via Folha de S.Paulo – Poder – Para Hillary, Dilma criou ‘padrão global’ contra a corrupção – 18/04/2012.